A chancelaria chinesa manifestou nesta segunda-feira (13) seu aval à mediação da Liga Árabe na Síria, mas sem dar sinais de que apoiaria a proposta da entidade de enviar forças internacionais de paz ao país, a fim de conter a violência do governo contra grupos de oposição.
A Liga Árabe aprovou no domingo uma resolução que pede ao Conselho de Segurança da ONU que autorize uma missão de paz na Síria.
A proposta intensifica a pressão diplomática sobre Rússia e China, que sofreram duras críticas do Ocidente por bloquearem um texto de resolução da ONU que previa, entre outros itens, que o presidente sírio, Bashar al Assad, se afastasse do poder.
O porta-voz da chancelaria chinesa, Lui Weimin, evitou dizer se Pequim apoia o envio de forças de paz. "A China propõe e apoia continuados esforços da Liga Árabe para a mediação política, a qual tem um papel proativo e construtivo com relação à resolução pacífica da questão síria", disse Liu ao ser indagado sobre a resolução da Liga Árabe. "Acreditamos que as Nações Unidas deveriam oferecer uma assistência construtiva com base na Carta da ONU e nas normas das relações internacionais", disse ele.
O envio de forças de paz à Síria exigiria um consenso das principais potências mundiais, que por enquanto estão divididas sobre como resolver uma crise que cada vez mais ganha contornos de guerra civil.
A resolução da Liga Árabe não especificava se a missão conjunta da ONU e da Liga envolveria forças armadas nem se a ajuda oferecida à oposição incluiria armas.
Rússia
A Rússia estuda a proposta da Liga Árabe de mobilizar uma força conjunta das Nações Unidas e dos países árabes na Síria, mas considera que antes é necessário um cessar-fogo, declarou nesta segunda-feira em Moscou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"Estudamos esta iniciativa e esperamos que nossos amigos nos países árabes esclareçam alguns pontos. Para mobilizar uma força de paz, é necessária a autorização da parte que a recebe. Precisa-se de algo que se pareça com um cessar-fogo", disse Lavrov.
No entanto, considerou que será um objetivo difícil de ser cumprido porque "os grupos armados que combatem o regime sírio não obedecem a ninguém e não são controlados por ninguém."
Lavrov, que na semana passada viajou à Síria, convocou nesta segunda-feira novamente os opositores a iniciar negociações e lembrou que o regime havia proposto realizar negociações com o vice-presidente, Faruk al-Chareh. "Deveria utilizar esta oportunidade e lançar um diálogo com o vice-presidente. Agora é a oposição quem tem a palavra", considerou o ministro russo.
A Rússia é, junto com a China, o principal apoio do regime a Assad. Ambos bloquearam em duas ocasiões resoluções do Conselho de Segurança da ONU de condenação da repressão na Síria, que ocorre há quase um ano. Consideram que os textos devem reconhecer a parte de responsabilidade da oposição na violência.