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A nova Constituição da Síria, que em tese encerraria a supremacia do Partido Baath, no governo há meio século, mas que mantém as grandes prerrogativas do chefe de Estado, foi aprovada com 89,4% dos votos, anunciou nesta segunda-feira (27) o ministro do Interior, Mohamad Nidal al-Shaar.

O referendo, que teve participação de "8,37 milhões de eitores, ou seja, 57,4% do corpo eleitoral", segundo o ministro, foi questionado pela oposição e criticado pelos países ocidentais.

Enquanto isso, a artilharia da Síria bombardeava áreas rebeldes da cidade de Homs.

Mais foguetes e projéteis caíram em bairros sunitas de Homs, epicentro dos 11 meses de rebelião contra o contestado regime do presidente  Bashar al Assad.

 

"Um intenso bombardeio começou em Khalidiya, Ashira, Bayada, Baba Amro e na cidade velha ao amanhecer", disse o ativista de oposição Mohammed al Homsi, falando à Reuters por telefone.

"O Exército está atirando a partir das principais vias para dentro dos becos e ruas transversais. Relatos iniciais indicam que pelo menos duas pessoas morreram na área do 'souk' (mercado)."

Retrato de Bashar al Assad sujo de tinta vermelha é mostrado durante protesto na cidade síria de Idlib neste domingo (26) (Foto: AP)Retrato de Bashar al Assad sujo de tinta vermelha é mostrado durante protesto na cidade síria de Idlib neste domingo (26) (Foto: AP)

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, disse que pelo menos sete pessoas foram mortas em Baba Amro. Os relatos de ativistas da oposição foram ecoados por outros observadores, inclusive da Cruz Vermelha.

No domingo, pelo menos 59 civis e soldados foram mortos durante a realização do referendo sobre a Constituição que oferece algumas reformas, mas que permitiria a permanência de Assad no poder até 2028.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que tem denunciado um contínuo agravamento da situação em partes de Homs, não conseguiu assegurar uma trégua que permitisse a retirada dos feridos e o envio de mantimentos aos civis.

"Ainda estamos em negociações. Desde o começo, o objetivo tem sido entrar, retirar as pessoas e levar assistência. Cada hora, cada dia faz diferença", disse Hicham Hassan, porta-voz da entidade, em Genebra.

A agência humanitária há dias mantém contatos com o governo e a oposição para tentar entrar em bairros sitiados, como Baba Amro, onde ativistas dizem que centenas de feridos precisam de tratamento, e milhares de civis enfrentam escassez de água, comida e suprimentos médicos.

Quatro jornalistas ocidentais estão retidos em Baba Amro, dois dos quais estão feridos. A repórter norte-americana Marie Colvin e o fotógrafo francês Remi Ochlik foram mortos lá em 22 de fevereiro.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse esperar a rápida retirada dos jornalistas. "Está muito tenso, mas parece que as coisas começaram a avançar", disse ele à rádio RTL..